Diário de Bordo na Beira Alta raiana III

07-11-2020

III-Almeida

Aldeias Históricas de Portugal - IV

A segunda aldeia histórica do dia, Almeida.


Dia 4 (Continuação)

Após o almoço, saímos de Figueira de Castelo Rodrigo em direção a Almeida, a segunda aldeia histórica que tínhamos destinado visitar no mesmo dia.

Localizada a sul de Castelo Rodrigo, Almeida possuiu também um Castelo medieval, porém atualmente, apenas resta a sua famosa e emblemática muralha em forma de estrela com 12 pontas.

Foi aqui que encontrámos mais um pedaço de história. Ao longo dos séculos, Almeida foi bastante disputada devido à sua localização geográfica. Tendo sido conquistada pelos mouros durante a invasão muçulmana na Península Ibérica, foi em 1039 recuperada pelo Reino de Castela, tendo sido novamente perdida em 1079 e posteriormente recuperada pelos portugueses. Em 1296 recebeu a carta de foral e viu ser edificado o seu castelo. Apesar das disputas por este território com o reino vizinho de Castela e Leão, tal como aconteceu com Castelo Rodrigo, Almeida tornou-se definitivamente portuguesa após a assinatura do tratado de Alcanizes  em 1297. 


Já no século XIX, mais precisamente a 15 de agosto de 1810, Almeida foi cercada durante a terceira invasão francesa. William Cox, governador da fortaleza, planeava resistir até pelo menos meados de setembro, época em que supostamente voltariam as chuvas e dificultaria por um lado a continuação do cerco por parte dos franceses e por outro a sua progressão até Lisboa. Por esse motivo, Almeida havia sido antecipadamente guarnecida com mantimentos e armamento. A maior parte da pólvora teve que ser guardada nas dependências do antigo Castelo visto não haver mais armazéns. Este fator obrigava a haver um constante transporte de barricas de pólvora entre as dependências e os baluartes, onde se encontrava a artilharia.

No dia 26 de agosto, os franceses abriram fogo sobre Almeida durante todo o dia tendo ao fim da tarde explodido uma granada no pátio do castelo, onde se encontravam alguns barris de pólvora mal vedados que estariam a ser transportados para os baluartes, gerando uma enorme explosão. Cerca de 500 soldados portugueses morreram imediatemnte  e os danos foram significativos na fortaleza. Não havendo condições de defesa, no dia 28 de agosto as tropas portuguesas renderam-se aos franceses, que prosseguiram assim a sua invasão... e o resto da história já é conhecida.


Visitando o museu de Almeida pudemos ter contacto com artefactos que remontam aos tempos em que decorreu o facto que anteriormente relatei.


Depois de assimilar tanta cultura aproveitamos para caminhar pelas ruas da velha aldeia e descansar um pouco as pernas numa esplanada.

Ahhh, e como não poderia faltar, aqui ficam os planos aéreos sobre Almeida!

Com o dia a terminar foi hora de nos despedirmos de Almeida e dar um pulo até Fuentes de Oñoro onde aproveitamos para atestar o depósito,  que estava já quase na reserva! LOL


Fuentes de Oñoro e Vilar Formoso

Pela primeira vez atravessei a fronteira mais famosa do país. Desde sempre que me habituei a ouvir falar da fronteira de Vilar Formoso, especialmente nas épocas em que os emigrantes retornam ao nosso país, mas nunca a tinha passado. 

No regresso, antes de seguirmos para Almofala, decidimos passar por Vilar Formoso, contemplar alguns dos detalhes exteriores da sua estação ferroviária e imaginar as histórias que as pedras da alfândega nos podiam contar!


No fim de mais um dia cheio de experiências novas, e com a alma cheia, podemos ainda usufruir de bons momentos de convívio e uma pequena sessão fotográfica à lua, da qual destaco esta fotografia!