Diário de Bordo na Beira Alta raiana I

17-10-2020

  I - O início

Sim é verdade que sempre ouvi dizer que para chegar aos locais mais interessantes tínhamos de percorrer curvas e contra curvas por estradas que parecem perdidas na paisagem, mas chegar e sentir o prazer do contraste com a cidade onde vivemos é gratificante. Algumas das aldeias e locais que visitámos dão ainda mais sentido a esta viagem onde as suas gentes nos receberam genuinamente de acordo com a tradição de quem sabe bem receber. 

Assim no dia 24 de agosto de 2020, mais um dia normal de verão, foi o início de uma memorável viagem entre amigos!


DIA 1

Malas feitas, arranquei de casa depois de almoço. Apanhei 3 dos 4 amigos com os quais estava prestes a poder compartilhar momentos inesquecíveis e meti-me na auto-estrada em direção ao norte... pois já estavam à nossa espera em Almofala (uma pequena aldeia localizada na zona raiana que pertence ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, na Guarda).

First stop, área de serviço de Abrantes. Ao sair do carro sentimos logo o calor seco e abrasador, tão comum no centro de país... depois de uma breve paragem seguimos, desta vez em direção a Castelo Branco para fazer uma entrega... parecia que a viagem não tinha fim! LOL!

Finalmente, depois de dois mini-break´s e já com a noite a chegar, seguimos pela A23 em direção à Guarda... 

À chegada fomos muito bem acolhidos. Aliás, não só à chegada como ao longo de toda a estadia! Um grande bem hajam à família Mêda e a todos os que me acompanharam nesta viagem, porque sem eles nada disto seria possível!

Após um belo "banquete", podemos desfrutar de momentos de descontração convívio que serviram para relaxar da longa viagem mas ainda houve tempo de agarrar nas bikes e ir até uma clareira na parte mais alta da aldeia e captar alguns registos noturnos fantásticos!


DIA 2

De baterias carregadas, aproveitámos a primeira manhã para visitar Figueira de Castelo Rodrigo e comprar alguns mantimentos para a nossa estadia e ao mesmo tempo, começar a explorar a zona. 

Depois de tarde, agarramos nas biclas e fomos mesmo até à fronteira com Espanha, localizada numa das extremidades de Escarigo, aldeia vizinha de Almofala, onde pudemos contemplar as cores magníficas de um pôr do sol raiano.


DIA 3

Ao terceiro dia estava combinado levantar cedo para descer até ao rio Águeda de bicicleta, onde passaríamos o dia, de forma a evitar o calor típico da beira interior que quem conhece sabe que não é para brincadeiras... O que é certo é que eram 11:30 e nós sem arrancar... (típicos atrasos logísticos da idade...)

Finalmente, com a merenda arranjada, lá seguimos nós pela torreia do sol ao longo de um trilho de terra batida sempre a descer (e que bem que soube a descida, mas sempre no pensamento que no regresso ia doer, LOL).

A paisagem é divinal e fomos parando para apreciar. Começavamos agora a sentir que estávamos bem longe do reboliço da cidade e a sensação de estarmos rodeados só de natureza era impressionante. Fotos da praxe tiradas, continuamos o nosso caminho por entre os montes, sempre com paisagens de cortar a respiração ao nosso lado.

Já quase a chegar ainda tivemos um contratempo, uma pequena queda, fruto talvez do cansaço e do calor que se fazia sentir. Felizmente, foi apenas um susto e por isso seguimos o nosso caminho, atravessando o rio Tourões (fronteira entre Portugal e Espanha), que se encontrava seco, e percorremos os últimos metros que nos separavam do rio Águeda.

Seis ou sete quilómetros após a partida, lá estávamos nós na margem esquerda do Águeda, já em terras de "nuestros hermanos". Encostámos as biclas e fomos dar o tão aguardado mergulho, que o calor já apertava!

Encontrámos um local bastante tranquilo e virgem, sem dúvida um hotspot da viagem, que proporcionou ótimas fotos!

E como também não podia faltar o belo almocinho, sandes de paté de atum, a iguaria eleita pelo grupo! LOL

De barriga cheia, aproveitamos enquanto fazíamos a digestão para explorar as redondezas e atravessar para a margem direita, aparentemente mais inóspita, talvez por receber a exposição solar durante toda a tarde! Caminhamos pela vertente direita perto de antigos palheiros, possivelmente antigos abrigos para pastores e rebanhos, que necessitavam de pernoitar aquando da sua passagem por aquela zona, visto não haver mais nada por perto.

Acabámos por descobrir uma mini cascata, que com um pouco de imaginação, transformámos em duas cadeiras de hidromassagem... muito bom !! :)

Ao fim da tarde foi hora de nos despedirmos do rio, após de um dia repleto de experiências, e fazer o caminho de regresso, agora sempre a subir e carregados com mochilas e sacos... posso dizer que custou um bocadinho! LOL