Diário de Bordo na Beira Alta raiana II

31-10-2020

II-Castelo Rodrigo


Aldeias Históricas de Portugal - III

Um dia, duas aldeias históricas, um privilégio!


Dia 4

No quarto dia levantamo-nos tendo como destino sentir a essência de duas aldeias históricas de Portugal, Castelo Rodrigo e Almeida. 

Começamos por Castelo Rodrigo, uma aldeia com paisagens impressionantes, um autêntico monumento ao ar livre e cuja história remonta há muitos séculos atrás...

Apesar de ser pequena, sentimos que a aldeia histórica de Castelo Rodrigo é um local bastante agradável, com cores que pessoalmente me transmitem boas energias.

Pensa-se que o Castelo da aldeia terá surgido sobre um antigo castro lusitano em tempos remotos e terá sido reedificado no início do século XIII por Afonso IX de Leão, aquando da reconquista cristã, sendo mais uma das fortificações pertencentes à linha defensiva de Ribacôa, que o mesmo implementou. Mais tarde, esta zona da península ibérica terá sido disputada entre o reino de Leão e o reino de Portugal, durante o mandato de D. Dinis, tendo finalmente ficado definido que Castelo Rodrigo seria definitivamente território luso com o tratado de Alcanizes, assinado em 1297 por D. Dinis e Fernando IV de Leão e Castela.

Em 1508 D. Manuel reedificou a muralha, tendo o castelo recebido novamente modificações com a construção de um paço em 1590, pelo filho de um alcaide da povoação que seria defensor da causa filipina, Cristovão de Moura. Fidalgo este, que mais tarde, se tornou conde e posteriormente à sua morte o seu sucessor no marquês de Castelo Rodrigo, designações atribuídas pela dinastia filipina. 

Porém, como é sabido de todos nós, a 10 de Dezembro de 1640 deu-se a restauração da independência, pelo que se gerou uma grande revolta em Castelo Rodrigo, tendo a população invadido e pegado fogo ao palácio do traidor, permanecendo até aos nossos dias em ruínas.

Depois da zona do Castelo, continuámos a nossa visita pela pitoresca aldeia caminhado entre as suas ruas desertas até à porta nascente, uma das 3 entradas da aldeia e de onde se pode avistar o convento de Santa Maria de Aguiar e a fronteira com Espanha.

Passámos também pelo pelourinho, construído após a atribuição da carta de foral à aldeia por D. Manuel I.

Antes de descermos em direção a Castelo Rodrigo, para o merecido repasto dos guerreiros, porque o calor e a fome já apertavam, tivemos ainda uns minutos para levantar o drone e captar alguns planos aéreos muito interessantes da beleza da redondeza e da Serra da Marofa!

Lenda: Espanha ordenara a expulsão dos Judeus do seu território e Castelo Rodrigo foi uma das cinco regiões escolhidas pelo rei de Portugal para se instalarem. Entre os judeus encontrava-se Zacuto, um judeu muito rico, que se instalou nas cercanias de Castelo Rodrigo. Já viúvo vivia com a única filha, Ofa, herdeira da sua fortuna. Por esse motivo começaram a chamar àquelas terras a serra da judia Ofa. Um dia Luís, jovem fidalgo que vivia perto em Cinco Vilas, tomou conhecimento e quis conhecer a jovem e bela judia. Quando a encontrou, os dois rapidamente se apaixonaram. Infelizmente pouco tempo depois deste acontecimento o rei de Portugal, D. Manuel I ordenou a expulsão do Reino de todos os judeus com exceção dos que se  convertessem ao cristianismo. Zacuto e a filha acataram a decisão real e assim puderam permanecer no reino. Assim sempre que a mãe ou os seus amigos lhe perguntavam para onde ia, Luis o fidalgo de Cinco Vilas, enchia o peito de alegria e respondia: "Vou a amar Ofa" ou "Vou ver o meu amor Ofa".
Reza a lenda que a serra passou por isso a ser conhecida por serra da Marofa.

No final da manhã já não tínhamos dúvidas, Castelo Rodrigo não desiludiu ninguém, e foi sem dúvida um local que mereceu ser visitado e apreciado.

Visita acabada, lá fomos os 5 para Figueira de Castelo Rodrigo de onde, após o almoço seguimos para mais uma tarde bem passada, desta vez em Almeida (Next Post). :)