Cayo Coco, paraíso escondido em Cuba

01-11-2019

Se não fosse em Cuba era difícil de existir um local tão belo como este, onde a natureza em estado selvagem ainda se mantém preservada contra todas as probabilidades. 

Na costa norte, no centro da ilha principal, fica o arquipélago Jardines del Rey que é formado por cerca de 400 pequenas ilhas. Quase todas elas são desabitadas, mas duas saíram do anonimato por culpa do escritor norte americano Ernest Hemingway que viveu muitos anos em Cuba, as ter eleito como refúgio de férias. 

Em 2018, visitei Cuba pela primeira vez, e logo fiquei impressionado com o que vi. Se Havana me convenceu pela sua história e Varadero pelas fantásticas  praias, os  Cayos eram algo que tinha de visitar. E não podia ter feito melhor opção. As contradições que senti ao passear pela ilha principal pareceram desaparecer e  experimentei emoções completamente diferentes.

Aqui não se sente a Cuba autêntica e se não soubesse onde estava poderia ser levado a pensar que aterrei noutra ilha qualquer do Caribe. Aqui não habitam cubanos e por isso não existem aldeias ou outros locais de interesse com actividade humana, só a natureza no seu estado mais natural. Exatamente o que procurava.

Mas esta foi uma viagem que podia ter sido completamente diferente. No início de setembro o furacão Dorian chegou às Bahamas depois de contornar Porto Rico e a Republica Dominicana, castigando estas ilhas com ventos constantes de cerca de 290 km/h e rajadas de até 350 km/h. Por  sorte poupou Cuba e eu estava por lá.

Após longas horas de viagem tivemos de contornar o Dorian e acabamos por virar a sul e sobrevoar algumas das ilhas das Bahamas após passar perto das ilhas Turks and Caicos. Ao sair do avião em Cayo Coco senti aquela agradável sensação da humidade típica das caraíbas como se fosse uma parede invisível... 

O aeroporto de Cayo Coco é muito pequeno, mas prático, foi reconstruído após a passagem do Furacão Irma em 2017. As formalidades foram as mesmas de Varadero, fotos individuais a cada um, recolher as malas e encontrar o autocarro certo. 

Após uma noite bem dormida pude finalmente conhecer o hotel e a praia que me tinham feito fazer tantas horas de viagem. A cor do mar contrastava com algumas nuvens cinzentas que sobrevoavam o horizonte. O efeito servia para realçar a beleza do local. 

Definitivamente fui invadido pela sensação de boas vibrações! As expectativas sobre o local foram superadas logo no primeiro dia...

Cayo Coco está ligado à ilha principal (CUBA) por meio de um caminho artificial com 27 km de comprimento (chamado paredão).  São poucas as viaturas que circulam por aqui, nomeadamente alguns clássicos, transportes dos funcionários dos resorts e viaturas turísticas.

Os cubanos que trabalham nos cayos não podem lá dormir e por isso todos os dias têm de fazer imensos quilómetros para poderem trabalhar.

No entanto existem praias públicas que são frequentadas por famílias que são trazidas em autocarros escolares para passarem o dia na praia. Infelizmente essas zonas são facilmente identificáveis pois o respeito pela natureza de alguns cubanos ainda está uns furos a baixo do que estamos habituados.

Mas a beleza destas praias é simplesmente invulgar, com as suas areias brancas e o mar com temperatura bem acima dos 30ºC.

Na praia do hotel existe um bar de apoio e sombra suficiente para todos os hóspedes sem o stress de ter de marcar com as toalhas como acontece noutros locais.... 

Além disso existem várias actividades que podemos fazer nomeadamente passeios de catamarans até à barreira de coral localizada mesmo em frente ao Hotel.  

O extenso areal convida à realização de prolongados passeios ao longo da praia onde temos sempre por companhia a natureza no seu estado mais puro e selvagem. A Playa Flamingo (ou Playa Flamenco), permite contemplar toda a beleza de Cayo Coco.

Caminhando para o lado direito do hotel ao longo da praia, no final, aparece uma zona de mangal que nos força a entrar na água até um pouco acima do joelho para podermos continuar a andar numa língua de areia que de um lado tem o mar de uma cor azul brilhante e do outro, uma lagoa onde avistamos alguns animais que parecem indiferentes à nossa passagem.

Numa manhã, cruzou-se comigo um cubano que caminhava ao longo da praia, regressando da zona do magal, trazendo a cintura uma cria de tubarão entre outros peixes que tinha pescado. Os mangais servem de refúgio e berçário a estes animais e alguns cubanos que conhecem a zona acabam por pescar mesmo sabendo que estão numa reserva...

É fácil encontrar locais onde a paisagem combina na perfeição todo os elementos, nomeadamente as formas e as cores.

O hotel

Lembrando-nos sempre que afinal estamos em Cuba, apresenta bastantes detalhes que necessitam de ser melhorados. Por exemplo a iluminação entre blocos no resort não existe o que torna as deslocações uma aventura. Os postes e candeeiros estão lá, mas ou não têm lâmpadas ou não estão ligados...

Já sabia das dificuldades típicas e por isso não estranhei.

Em termos de localização e paisagem, nota 20! 

A habitação tinha uma localização excelente, junto à praia no primeiro andar. Uma suite e um quarto contíguo. 

O  Mélia Jardines del Rey foi recuperado após a passagem do furacão Irma, mas há pequenos detalhes que ainda podem ser melhorados. Em relação às piscinas acabei por nem as experimentar devido à beleza da praia.

A Alimentação

Talvez o detalhe que merece mesmo um reparo negativo, pois foi muito fraca e não deixa saudades... As refeições têm alimentos pouco variados e nem sempre existe reposição dos mesmos, sendo que alguns hóspedes (cubanos) contribuem para agravar a situação pois aproveitam as suas curtas estadias para encher mochilas com os alimentos que depois levam para casa...  fenómeno que já tinha presenciado em Varadero...


No exterior do hotel existem algumas bancas onde se pode comprar algum artesanato local. Vale a pena regatear sempre - LOL

Voltando à praia do hotel (Playa Flamenco) também podemos caminhar para o lado esquerdo e aqui a paisagem é simplesmente deslumbrante. Após passar em frente aos hotéis vizinhos (Playa Paraiso e Memories Flamenco) é difícil encontrar as palavras certas para descrever o ambiente e por isso deixo esse trabalho para as fotos...

O prazer que nos invade ao pisar estas areias finas é difícil de descrever. São de longe as praias mais bonitas que já visitei.

Alguns cubanos confidenciaram-me que a beleza desta praia aumentou imenso após a passagem do furacão Irma, pois trouxe mais areia e alterou a linha de costa.

Esta zona tem uma beleza natural que em nada fica atrás da famosa Playa Pilar em Cayo Guilherme, sendo que tem ainda a vantagem de podermos caminhar completamente sozinhos em total tranquilidade.

Cayo Guillermo 

Também tive a oportunidade de visitar Cayo Guilhermo, o cayo vizinho de Cayo Coco, onde as estátuas do Ernest Hemingway nos dão as boas vindas antes de entrarmos propriamente na ilha. Aqui visitei o Hotel Mélia Cayo Guilhermo que tem uma praia fantástica com um pontão que a distingue no horizonte. 

Não consigui resistir, cada vez que passava um clássico fui tirando umas fotos...

Os flamingos são uma espécie que habita os cayos e é frequente conseguir observá-los no seu habitat natural. Confidenciaram-me que quase desapareceram com a passagem do Irma, mas que estão a recuperar.

O hotel Mélia Cayo Guilhermo é muito mais pequeno que o Mélia Jardines del Rey mas também tem um ambiente maravilhoso onde se destacam as casotas dentro de água que fazem as delicias dos turistas. Acreditem, são muito úteis, pois o sol por aqui não perdoa...

A alimentação no dia que visitei este hotel foi bastante boa, muito superior ao que me foi proporcionado no Mélia Jardines el Rey.

Ao chegar ao pontão a dificuldade foi encontrar o melhor enquadramento porque a beleza do local é impressionante.

A sombra proporcionada pela estrutura na água, proporciona refúgio à vida marinha que é extremamente rica por aqui. Não é difícil mesmo fora de água, ao passear pela passadeira avistar cardumes com centenas de peixes que nos seguem e se alimentam por aqui.

As espreguiçadeiras convidam ao relax! :)

O ambiente subaquático proporciona horas incríveis de mergulho. Aqui ficam algumas fotos...

Mercado 

Em Cayo Coco existe um "centro comercial" onde podemos também comprar artigos locais a preços interessantes. Para isso o mais prático é utilizar um autocarro turístico que por 5 Cuc's permite a visita, de uma forma muito cómoda.

Playa Pilar e Cayo Media Luna

Não poderia deixar de visitar a famosa Playa Pilar, considerada uma das mais belas do mundo e para isso optámos por uma passeio em catamaran com almoço no Cayo Media Luna, fazendo ainda duas paragens para fazer snorkeling na barreira de coral situada no antigo canal das Bahamas.

Este dia começou cedo e fomos levados de autocarro até à marina de Cayo Guilhermo. No caminho tivemos a oportunidade de passar pelo antigo aeroporto de Cayo Coco, que agora faz parte da estrada que dá acesso a Cayo Guilhermo, e até tivemos oportunidade de ver a antiga torre de controlo....

Ao chegar à marina que fica no início da ilha avançamos pelo antigo Canal das Bahamas onde pudemos mergulhar e exprimentar o snorkeling.

Realizámos dois mergulhos em dois locais destintos. No primeiro só mergulhámos após um tripulante cubano ter entrado na água para afastar um pequeno tubarão... No segundo, pudemos nadar junto a um antigo barco alemão naufragado durante a  segunda guerra mundial que agora serve de refúgio a imensos peixes.

Cayo Media Luna

Esta pequena ilha, que fica localizada mesmo em frente à Playa Pilar, tem um pequeno restaurante onde pudemos almoçar num ambiente muito zen, frango e lagosta.

Após o almoço aguardamos pela partida dentro de água para evitar o forte calor que se fazia sentir.

Ninguém habita permanentemente este Cayo pois é muito pequeno, mas é um local bastante agradável e acolhedor.

Playa Pilar

Foi o barco de Ernest Hemingway quem deu o nome a esta praia em Cayo Guilermo. A casa onde o escritor passava as suas férias já não existe pois foi destruída por um furacão, mas é fácil imaginar como o este local o influenciou...

A cor da água e do céu combinam na perfeição!

Regresso

O aeroporto de Cayo Coco tem uma zona privada que tivemos o privilégio de poder utilizar. Aqui aguardámos tranquilamente pelo regresso a casa. 

No final, pudemos despedir-nos dos Jardins del Rey sobrevoando a zona com os últimos raios de sol.