San Marino
No autoproclamado país mais antigo do mundo
RIMINI
O ponto de partida para esta viagem foi Pádua, a cidade onde fiz Erasmus e que serviu de base para realizar várias viagens pelo centro da Europa.
Situada no Adriático, Rimini é um dos destinos favoritos de férias dos italianos e foi ponto de passagem obrigatório a caminho de São Marino.
Saímos bem cedo de Pádua e apanhámos 2 comboios regionais para chegar até Rimini (existe a opção de fazer o transbordo em Bolonha ou Ferrara, sendo mais habitual a primeira opção) e demorámos cerca de 3h30 min, com um custo de 16,35€. Para quem vem de Verona ou Veneza, o trajeto é o mesmo, sendo os valores variáveis dependentes do ponto de partida. Para quem vem de Milão, apesar da linha ser outra as soluções são idênticas, o comboio poderá ser direto ou com paragem em Bolonha. Existe ainda a opção de apanhar um comboio Frecciarossa ou Italo, os comboios de alta velocidade italianos, que são substancialmente mais caros, mas a certas horas do dia evitam que seja necessário fazer transbordos. Por outro lado, há ainda a opção de apanhar um autocarro, Flixbus ou Itabus, que por vezes comprados com alguma antecedência são as opções mais económicas.
Chegados a Rimini aproveitámos para caminhar um pouco junto à margem do rio Marecchia em direção ao mar enquanto fazíamos tempo para apanhar o autocarro direto para o Monte Titano. Quando chegou a hora, fomos para a fila para entrar. Foram 2 autocarros que partiam mais ou menos ao mesmo tempo, ambos bastante cheios. Comprámos o bilhete à entrada do autocarro, logo ida e volta por 12€ por pessoa (também é possível comprar online).
San Marino
Fundada em 301 D.C., a nação de San Marino autoproclama-se como o país mais antigo do mundo! Está situada nos Apeninos e é um enclave rodeado por Itália.
Marino, que na altura trabalhava como pedreiro, saiu de Rab (na época uma colónia romana da Dalmácia), em 257 D.C., quando o futuro imperador Diocleciano, emitiu um decreto solicitando a reconstrução dos muros da cidade de Aríminio (atual Rimini), pois tinham sido destruídos por piratas libúrnios. Ao chegar a Aríminio, apercebeu-se de que por aqui os cristãos eram preseguidos e tinham sido sentenciados a trabalhos forçados pelo imperador romano por se terem recusado a renunciar á sua religião e a adotar os seus deuses. Mais tarde, Marino foi ordenado diácono pelo bispo Gaudêncio de Arímino, pelos seus feitos na ajuda aos cristãos. Quando já tinha uma idade avançada reza a lenda, que se retirou para o bosque circundante a Aríminio e subiu o Monte Titano, onde acabou por criar o país, no ano 301 D.C., que atualmente conhecemos como San Marino, um local onde os cristãos se poderiam refugiar das perseguições romanas.
Ao fim de cerca de uma hora chegámos finalmente ao Monte Titano. San Marino é constituído por 9 municípios (castelli), sendo a capital e o local de maior interesse a cidade de São Marino, localizada no topo do Monte Titano a uma altitude no seu ponto mais alto de 749 metros (Pico della Rocca).
Atualmente, caminhar pelas suas ruas de São Marino é como recuar no tempo e entrar noutra época. Aqui respira-se história. Todos os cantos e recantos possuem pormenores de construção que nos remetem para tempos longínquos. Quantas histórias guardarão? 😮
Basílica de San Marino
Subindo as suas ruas chegámos à Piazzale Domus Plebis, onde se localiza a Basílica de San Marino. A finalização da sua construção data de 1838, tendo sido construída sobre uma igreja de tempos muito anteriores.
Praça da Liberdade e ruas históricas
Caminhando pelas ruas que levam à praça da liberdade passámos por um miradouro com uma vista esplêndida. Pelo caminho encontram-se algumas lojas e esplanadas repletas de turistas. Junto à praça da liberdade está o Palácio Público ou Palácio do Governo, local onde se realizam as cerimónias oficiais de São Marino. Este palácio foi construído entre 1884 e 1894, no mesmo local onde anteriormente existira outro palácio, o Domus Magna Comunis, datado de 1380-1392 que fora destruído para a construção do palácio mais moderno.
As 3 Torres de São Marino
Continuando a subir passámos por mais esplanadas coladas a penhascos altíssimos, com paisagens a perder de vista, antes de chegar finalmente à primeira torre, a Torre da Guaita.
San Marino tem 3 famosas torres, a Torre da Guaita, a Torre da Cesta e a Torre de Montale. As três Torres são o símbolo das três "penas" de San Marino, representadas em inúmeros lugares como defensoras da liberdade da República.
A primeira torre, a Torre da Guaita, palavra que significa guarda e que ainda entra no vocabulários dos locais, é a mais antiga das 3, datando do século XI e acredita-se que tenha servido de refúgio para os habitantes de San Marino. Terá também servido como prisão e terá sido reconstruída inúmeras vezes durante a sua história.
A segunda torre, a Torre da Cesta, ou Fratta, está localizada no ponto mais alto do monte Titano e conta com um museu em homenagem a Marino. A Torre da Cesta, que terá sido construída no século XIII sobre as ruínas de um antigo forte romano, está ligada à torre da Guaita pela "Passagem das Bruxas", e albergou a divisão de guardas, tal como algumas celas de prisão. Em dias de elevada visibilidade, é possível, por vezes, avistar os Alpes Dináricos, a maior cordilheira da Croácia, que fica a cerca de 250 km de distância em linha reta. Infelizmente, quando visitei San Marino, esta torre estava fechada para restauro, pelo que apenas pude contemplar o seu exterior.
A terceira torre, a Torre do Montale, construída no século XIV e acredita-se que tenha sido construída para a proteção contra o poder crescente da família Malatesta na região, que travou duras batalhas com os habitantes de San Marino. Terá também servido com prisão, sendo que a única entrada para a torre é uma porta situada a 7 metros acima do nível de superfÍcie, pelo que não é aberta ao público. Situada no centro da mata e ligeiramente afastada do centro da cidade, esta torre constitui a melhor posição de observação.
Caminhar ao longo da "passagem das bruxas" e depois pelo bosque que liga a segunda torre à terceira torre permitiu-nos contemplar paisagens inesquecíveis.
Pôr do sol
Mais tarde voltámos à "passagem das bruxas" para contemplar o Pôr do sol. Senão foi o mais bonito que já presenciei, estará certamente no TOP 3. As cores garridas do céu em contraste com a vegetação verdejante e a iluminação das torres foi algo que não nos saiu da memória. A maioria dos turistas que visitam San Marino optam por não pernoitar, pelo que acabam por não usufruir desta "pintura" natural.
Pôr do sol na cidade
Tal como na "passagem das bruxas", as cores do pôr do sol assentam na perfeição nas ruas da cidade conferindo-lhe um ambiente enigmático, numa altura que se encontram completamente desertas.
Hotel
Pernoitámos no hotel Joli, um moderno hotel 3 estrelas localizado perto do centro da cidade. O quarto era confortável, contanto com uma vista maravilhosa. O pequeno almoço não era dos mais variados, mas era mais do que suficiente para ganhar energia para o dia que se avizinhava.
Nascer do sol
Fascinados com o pôr do sol, decidimos levantar-nos cedo e subir novamente até ao topo do Monte Titano em busca de cores garridas no céu. Tal como o pôr do sol, o nascer do sol demonstrou-se também ser magnífico.
Torre da Guaita
Também conhecida como Rocca, o interior da torre da Guaita foi a última atração que visitámos em San Marino, antes de apanharmos o autocarro em direção de volta a Rimini. Mais uma vez, fomos presenteados com vistas e pormenores absolutamente incríveis.
Em jeito de conclusão, São Marino é um local enigmático, repleto de história em cada recanto, que proporciona, a quem o visita paisagens de cortar a respiração. É um local que espero poder voltar a visitar.