Samaná
Dei por mim a observar os aviões na pista do aeroporto de Barajas, tentando controlar a ansiedade pois sabia que me esperavam uns dias muitos intensos numa ilha que me é muito querida.
O paraíso
O destino que me esperava era na zona de Las Terrenas na península de Samaná, um daqueles locais que nos marcam e são difíceis de descrever por palavras porque tudo parece que se encaixa na perfeição...
Estou
a falar no nordeste da República Dominicana onde encontrei talvez as praias mais bonitas em que alguma
vez estive.
Saímos de Lisboa bem cedinho rumo a Madrid com a Air Europa, de onde partimos depois às
primeiras horas da tarde num voo da Plus Ultra que nos levou
diretamente ao aeroporto El Catey, em Samaná.
O
voo foi tranquilo, mas o avião já acusa o peso da idade à semelhança de
outros voos charter para as Caraíbas que tenho feito.
Ao chegar ainda tivemos tempo de nos cruzar no aeroporto com a família Mêda que fez o favor de "deixar as chaves do paraíso debaixo do tapete! 🤣🤣
Senti novamente o impacto da humidade tão típica do Caribe que rapidamente se transformou em chuva tropical. Após recolhidas as malas lá fomos à procura do autocarro que nos levaria ao hotel.
A viagem entre o aeroporto e o hotel é, em si, também ela muito interessante e os cerca de 40 quilómetros são percorridos numa via que serpenteia entre montanhas e o mar oferecendo a cada curva verdadeiros postais de paisagens incríveis.
O Hotel
O hotel Grand Bahia Principe EL Portillo é relativamente pequeno quando comparado com outros resorts nas Caraíbas. Os seus jardins são mantidos impecavelmente e é fácil chegar a todo o lado rapidamente. Foi remodelado recentemente e destaca-se agora a piscina mais atrativa com um bar molhado e os restaurantes com as suas novas decorações que nos envolvem e proporcionam momentos muito agradáveis.
Os quartos estão divididos em blocos de apartamentos, sendo que alguns foram também remodelados.
Ficamos no bloco 3 junto ao lobby na zona central, mas quem está mais longe tem também a possibilidade de se deslocar facilmente nos carrinhos que o hotel disponibiliza durante todo o dia.
Estão equipados com mini bar, TV e todas as funcionalidades necessárias para uma estadia tranquila. Ficamos em habitações que foram recentemente renovadas e talvez por isso não tinham os típicos sinais de desgaste que o clima das Caraíbas costuma cobrar.
A piscina tem agora também um bar molhado e mesmo não sendo muito grande conta sempre com muitos dominicanos que preferem esta água à da praia. O staff esse é do melhor que podemos encontrar, sempre disponíveis e prontos a ajudar.
Os espaços exteriores são constituídos por jardins excelentemente cuidados à semelhança de outros hotéis do mesmo grupo. Alguns locais montam umas bancas de venda de artesanato e produtos locais o que empresta um ambiente bem agradável ao hotel.
O restaurante principal é o EL Limon, tem grande variedade de comida com carnes, peixes, saladas, massas, além de magnificas sobremesas mas formam-se longas filas à hora de abertura das refeições sendo que os turistas locais tomam sempre a pole position invariavelmente... Este restaurante tem uma zona exterior muito agradável que permitiu longas e descontraídas refeições.
Restaurantes temáticos
Este restaurante temático de cozinha Mediterrânica recria um ambiente marinho e permite saborear pratos verdadeiramente deliciosos e sempre com a simpatia dos sorridentes empregados. Recomendo.
Este restaurante durante o dia permite refeições rápidas para quem não quer ou não deseja ir ao El Limon que tem sempre mais variedade. À noite, a carne brasileira grelhada servida à mesa é o prato forte deste espaço que só aceita marcações. A sua localização junto à água ajuda a compor o ambiente e torna-o mesmo muito especial.
À noite todo o hotel ganha nova energia sendo que no lobby há musica ao vivo e todos os dias há festas temáticas no Pueblo Principe, zona que fica junto à entrada do hotel, que nos entretêm antes de regressar aos quartos.
Mesmo junto à praia do hotel existe ainda uma barreira de coral que me permitiu passar longas horas a apreciar peixes de toda a espécie e que foram a minha companhia praticamente todos os dias.
Mas por aqui o mais importante não é mesmo o hotel, de todo, e por isso o plano foi essencialmente aproveitar todos os dias para realizar longos passeios a pé entre mergulhos ao longo da costa.
Como
já disse anteriormente esta não foi a primeira vez que visitei esta
zona, sendo que antes já tinha visitado locais incríveis como Los Haitises, Santa Bárbara de Samaná , ou Cayo Levantado/Ilha Bacardi. Por isso desta vez optei por explorar também de moto4 e de buggy algumas zonas um pouco mais afastadas... Mas disso mais à frente falarei.
Caminhando para o lado direito do hotel pelas praias desertas
Toda a zona norte da Península da Samaná tem imensas praias algumas bem famosas que são visitadas através de excursões pagas e outras que não tendo tanta fama são menos frequentadas e foram essas que eu procurei. A localização do hotel é ideal a longos passeios à beira mar, e por isso aproveitei para andar quilómetros e deliciar-me com a natureza deste local...
Assim logo a seguir à praia do hotel visitei a Playa Calolima numa baía onde existem placas que nos lembram que temos de ter cuidado e respeitar os ninhos de tartarugas tendo de ter cuidado onde pisamos.
Aqui também desagua um riacho numa área onde famílias dominicanas aproveitam para se juntar e picnicar à sombra dos coqueiros que desafiam a lei da gravidade e quase tocam na água.
As marés não têm grande variação mas, na baixa mar, uma longa língua de areia estende-se pelo mar adentro. No final desta praia, surgem mangais e acaba o areal mas ainda assim existem pequenas piscinas que convidam a relaxar.
Aqui chegados os mangais não permitem caminhar mais e por isso optamos por um caminho interior por cerca de 200 metros, até chegarmos à próxima paragem a Playa El Anclón.
Aproveitamos as sombras dos coqueiros e ficamos numas das várias baías a desfrutar do magnífico ambiente. Tentei apanhar uns cocos mas não tive sucesso.
Por sorte um dominicano que ali perto trabalhava veio ver o que se passava e ofereceu-se para subir aos coqueiros e nos oferecer alguns cocos frescos apanhados na hora, um verdadeiro privilégio.
Mesmo na extremidade desta praia ainda é possível caminhar entre os mangais ou optar pelo caminho interior e visitar outras pequenas praias virgens que de tão pequenas nem nome têm mas parecem todas tiradas de postais!
Caminhando para o lado esquerdo rumo a Las Terrenas
Noutro dia e após um pequeno almoço "reforçado" propus-me a ir conhecer Las Terrenas, mas caminhando ao longo da costa. Após os limites do hotel caminhamos até Punta Portillo, passando por alguns turistas que também aproveitam o início do dia para uma refrescante caminhada matinal.
Eddy, o pintor vizinho do Hotel, ainda colocava as suas pinturas em exposição quando nós passamos por ele iniciando o passeio mais longo a pé destas férias.
Neste cantinho do paraíso o mar lembra-nos que é ele quem manda e vai recortando a costa conforme lhe apetece. Alguns coqueiros parece que estão suspensos, com as suas raízes dentro de água e outros acabam mesmo por cair. Esta zona é também um ponto de encontro de praticantes de Kitesurf, existindo por aqui várias escolas e é fácil, da parte da tarde, encontrar praticantes de todas as idades a voar ao sabor do vento quente tão típico destas paragens.
À medida que caminhávamos, fomos apanhando zonas com bastante sargaço depositado ao longo da linha de água, que o mar traz e leva consoante as marés. Nas zonas que têm praias exploradas, grupos de trabalhadores locais trabalham incansavelmente para o recolher e enterrar em grandes buracos que escavam sob um sol que não poupa ninguém... Noutras zonas, não há vestígios de sargaço.
Continuando a andar chegamos à Praia Punta Popy, de onde conseguimos avistar toda a baía onde se encontra a localidade de Las Terrenas e onde estão ancorados alguns iates e veleiros. Aqui, os locais escolhem as melhores sombras e colocam estrategicamente as suas espreguiçadeiras e cadeiras de praia e esperam tranquilamente a chegada dos turistas que as alugam por alguns pesos ao dia.
Aproveitamos para mergulhar que o sol já vai alto e o mar está mesmo a chamar por nós.
É também esta é a praia que marca o início da zona urbana e por isso temos agora um passeio na marginal que nos leva até ao centro.
Rapidamente atravessamos a zona urbana, sempre muito agitada onde se cruzam todo o tipo de veículos com destaque para as motos que tanto gostam os dominicanos. Punta Terrenas é o destino, já no limite oriental de las Terrenas, onde apreciamos a chegada dos pescadores locais nos seus botes que vagueiam entre os corais para chegar ao areal.
Este trajeto de cerca de 14 quilómetros é verdadeiramente maravilhoso e é um privilegio poder andar imenso à beira mar sem ver ninguém o que o torna ainda mais especial pois permite apreciar com todos os sentidos toda a beleza desta zona. Recomendo!
Safari em Moto 4 e buggy pelas montanhas até ao litoral
A península de Samaná é um lugar muito divertido e de forma a conhecermos mais em detalhe este lugar, optamos por visitar o seu interior em moto 4 e buggy.
Tentamos junto de alguns vendedores de praia bastantes conhecidos entre os portugueses que visitam este hotel construir um circuito à nossa medida, mas as suas propostas contemplavam sempre longos almoços que não valorizamos pois o que desejávamos era mesmo aproveitar ao máximo o dia para rodar e conhecer mais ao nosso ritmo. Assim foi no hotel que conseguimos montar uma excursão ao nosso gosto que nos permitiu um dia fantástico.
Neste passeio pelo interior da Península tivemos oportunidade de visitar vários locais e atravessar algumas pequenas localidades cheias de gente que ia acenando à nossa passagem. Visitamos também uma típica quinta do interior dominicano onde podemos degustar alguns frutos locais e provar chocolate feito na hora com cacau moído, café local e Mama Juana, bebida nacional dominicana que dizem os deuses tem poderes mágicos...
Fomos alternando entre a mota 4 e o buggy mas sempre com o vento quente na cara em cada passeio. Atravessamos aldeias cheias de cor e montes com vegetação densa, cheios de coqueiros e também visitamos as Playa El Limon e Playa Lanza del Norte. Ficámos com uma certeza, por aqui todas as praias são postais sendo só que umas são mais famosas do que outras. Por isso umas são desertas e outras têm sempre turistas.
Estes passeios fora do ambiente dos grandes resorts ou centros urbanos, servem para encontramos a genuinidade desta ilha pois sentimos que só assim entramos no dia a dia local e ou se gosta ou se odeia. Eu adoro! É algo que se sente interiormente. As praias desertas são incríveis mas a magia da ilha é sentida quando circulamos ao ar livre por entre caminhos de terra batida ou estradas alcatroadas mas onde parece que existe uma harmonia natural e o tempo não passa.
Playa Lança del Norte e Playa EL Limon
Longe de qualquer centro urbano estas praias são as mais intocadas que podemos encontrar e é impossível de não ficar sensibilizado com a sua beleza natural. Não é fácil lá chegar e talvez seja esse o seu segredo.
El Limon, foi a pequena localidade onde carregamos baterias com um almoço e onde trocamos de veículos pois o plano era agora de camião voltar a Las Terrenas e visitar a costa a norte antes de voltar ao hotel.
Este dia foi passado sem a companhia de portugueses sendo que o grupo que nos acompanhou de espanhóis e canadianos se dividiu, uns regressaram aos hotéis e outros continuaram connosco até ao final do dia.
Playa Bonita, bastante famosa por aqui não só pela sua beleza mas também porque se trata um hotspot para os amantes do surf. Quando a visitamos após um banho nas suas águas quentes o São Pedro brindou-nos com uma chuvada tropical que não iremos esquecer tão depressa. A nossa sorte foi nos abrigarmos numa casa de praia particular onde pudemos esperar até que a tempestade passasse.
No fim do dia, ainda tivemos tempo de parar no centro de Las Terrenas numa zona onde foi possível fazer algumas compras e ao mesmo tempo sentir o pulso à hora de ponta nesta localidade onde as motas parecem aparecer de todo o lado num caos organizado mas onde é preciso ter coragem para circular...
É costume dizer-se que não devemos voltar aos lugares onde fomos felizes, mas este é especial e, depois de visitarmos uma vez, voltaremos com certeza pois ainda muito ficou por visitar e aqui sinto-me em casa! ;)