Helsínquia 

23-06-2023

A estreia nos Nórdicos


Embarque

Durante a altura em que fiz Erasmus, tive a sorte de ter alguns amigos também eles na mesma situação noutras cidades europeias e por isso aproveitei para poupar em algumas  dormidas. Foi o caso de Helsínquia, uma cidade bastante cara.

Saímos de Pádua em direção ao aeroporto de Marco Polo, em Veneza, e lá fomos nós em direção ao norte!

A chegada

O voo foi tranquilo e ao fim de 3 horas aterramos na terra do Pai Natal. O aeroporto foi o primeiro sinal de que estavamos a chegar a um país bastante diferente do que estou habituado. É tudo bastante tranquilo e organizado. No piso inferior, há uma linha de comboio que vai direta à estação central de Helsínquia (Helsingin päärautatieasema). Os bilhetes custaram cerca de 4€ e podem ser comprados tanto na estação como através de uma aplicação.  Quando chegamos, já lá estava o João à nossa espera na plataforma, para ser nosso guia privado durante uns dias 😎.

À noite

Visitámos Helsínquia perto da época natalícia e por isso a cidade estava especialmente bonita, repleta de luzes de natal. Aproveitámos para jantar e apreciar o charme especial desta cidade à noite. Sem saber, acabámos por passar pela maioria dos pontos de interesse na zona central e reparei imediatamente que as ruas não tinham muita gente, talvez devido ao frio,  os finlandeses não fazem muita "vida noturna". 

Já um pouco cansados apanhámos o metro e depois o autocarro para a casa do nosso anfitrião, onde passaríamos as próximas noites. Os transportes na Finlândia são bastante eficientes e existe até uma aplicação que nos permite rastrear se os autocarros estão atrasados ou adiantados e a que hora passarão. Esta é uma das coisas boas que deveríamos aprender com estes países 😅!


O centro

No dia seguinte, e já com as "baterias carregadas", fomos finalmente conhecer Helsínquia. e caminhar tranquilamente pela cidade, pois o tempo nem estava muito desagradável.

A maioria das principais atrações são todas relativamente perto umas das outras, o que faz com que seja fácil conhecer a cidade caminhando. Começámos pela praça do senado (Senaatintori), onde se encontra a catedral evangélica luterana de Helsínquia (Helsingin tuomiokirkko) erguida entre 1830 e 1852. Antes da independência da Finlândia, em 1917, esta catedral era conhecida como Igreja de São Nicolau. Como estava a decorrer um casamento, só pudemos visitar o seu interior ao final da tarde. Assim, optámos por continuar a descer a rua em direção à Praça do Mercado (Kauppatori), e procurar o cais para poder ir visitar a Fortaleza Soumenlinna.

Em direção à Fortaleza Soumenlinna

Apanhámos o ferry no cais de Kauppatori, em direção à Fortaleza Soumenlinna. Saem com grande frequência e a viagem é curta, cerca de 15 minutos, mas é o suficiente para desfrutar de planos lindíssimos sobre a cidade de Helsínquia e as ilhotas que a rodeiam.


Fortaleza Soumenlinna

Inicialmente, recebeu o nome de Sveaborg, que significa Castelo dos Suecos,  uma vez que do século XII ao século XVIII o território que hoje conhecemos como Finlândia esteve sobre o domínio dos reis da Suécia. Em consequência da instabilidade vivida na região durante o século XVIII, devido à Grande Guerra do Norte (1700-1721) e ao continuo avanço do império russo na região, Frederico I da Suécia mandou então erigir em 1747, uma fortaleza em 6 ilhotas do arquipélago localizado em frente da cidade de Helsínquia. Posteriormente, durante a Guerra Finlandesa, entre 1808 e 1809, os russos conquistaram a Finlândia, passando a chamar-se Grão Ducado da Finlândia. A fortaleza passou então a chamar-se Viapori, mudando novamente nome em 1917, após a Finlândia conseguir a sua independência devido à Revolução de Outubro, na Rússia. Passou então a ser conhecida até aos dias de hoje como Suomenlinna, que significa Castelo Finlandês, em finlandês.


Assim que chegámos, começámos imediatamente o passeio pela ilha. Passámos por típicas casinhas nórdicas, que achei bastante engraçadas, pela igreja Suomenlinna (Suomenlinnan Kirkko) e pelo túmulo de Augustin Ehrensvärd, o almirante encarregue do planeamento e construção da fortaleza. Visitámos também a doca seca da fortaleza, cuja construção começou 1750 e foi utilizada ainda pelos suecos. Mais tarde, a partir de 1918, já com a fortaleza na posse dos finlandeses, serviu ainda de base para uma fábrica estatal de aeronaves. Hoje em dia pertence a uma associação privada chamada Viaporin Telakka, que utiliza os conhecimentos e habilidades antigas na reforma de veleiros antigos.

Continuámos a explorar e fomos até à ilha mais afastada, a Kustaanmiekka.  Foi aqui que encontrámos o local que serviu de bastião original para a fortaleza e por isso é ainda possível apreciar alguns canhões, paióis e bunker's, que surpreendem pela sua "camuflagem", uma vez que estão cobertos por areia, turfa e relva. Assim era mais complicado, para os invasores, descobrirem as fortificações. Esta linha defensiva foi construída pelo império russo entre 1850 e 1880, constituindo uma fortificada defesa naval. Pudemos também ainda percorrer alguns corredores subterrâneos, que nos ajudaram a perceber como funcionaria de efetivamente esta base defensiva.

Nesta zona da ilha encontrámos também das melhores vistas sobre o mar.


Após algum tempo bem passado a caminhar pela Soumenlinna, regressámos a Helsínquia e continuámos a descobrir os segredos da cidade.

À chegada, atravessámos o mercado, onde existem banquinhas com vários tipos de lembranças de Helsínquia como ímans, miniaturas, bijuteria... e também comidas típicas. Decidimos por isso experimentar o famoso prato de rena e as almôndegas, juntamente o molho de framboesa, que é tão típico dos nórdicos. Pessoalmente não sou grande fã deste prato e acho que o molho de framboesa assentaria melhor por exemplo num bolo ou gelado, mas valeu pela experiência 🤣.

De "barriga cheia" seguimos para o mercado interior, onde também são servidas refeições gastronómicas locais e vendidos diversos produtos alimentares. Salmão por exemplo não falta por aqui!!

Depois seguimos para a Catedral Ortodoxa de Uspenski (Uspenskin Katedraali), inaugurada em 1868.

Regressámos à praça do senado, passando pela ponte do amor (Rakkaudensilta). Ao lado pudemos contemplar o navio Relandersgrund, construído entre 1886 e 1888, e que agora é um bar flutuante.

Tirámos mais algumas fotografias e continuámos o nosso percurso, uma vez que o casamento na catedral ainda não tinha terminado e por isso não pudemos entrar.

Continuámos a caminhar pela cidade e fomos dar à Praça da Estação de Helsínquia (Rautatientori) onde encontrámos o Casino de Helsínquia (Casino Helsinki), o Museu de Arte Ateneum (Ateneumin Taidemuseu), o Teatro Nacional Finlândes (Suomen Kansallisteatteri), e claro, a Estação Central de Helsínquia (Helsingin päärautatieasema).

Seguimos até à Biblioteca Central de Helsínquia, a Biblioteca Oodi. É um edifício realmente moderno e eficiente. Nota-se que há preocupação com os detalhes e é um local ótimo para trabalhar ou lazer, uma vez que conta com salas requisitáveis, cozinhas, salas jogos, salas de leitura, estúdios, auditórios... todas elas modernas e simplistas. Do outro lado da rua a Casa do Parlamento da Finlândia (Eduskuntatalo), inaugurado em 1931.

A paragem seguinte foi o Café Regata, localizado à beira-mar, construído em 1887, foi em tempos, propriedade da famosa família de cafés Paulig, servindo para armazenar redes de pesca. A partir de 1952 passou a existir neste local um café de verão e o café Regata, como hoje o conhecemos foi fundado em 2002. Aqui, pudemos provar o famoso Cinamon roll (Kanelbulle), um bolo de canela de origem sueca, ou grelhar salsichas ou marshmellow's numa fogueira enquanto contemplámos o pôr-do-sol. É um local bastante descontraído e relaxante, onde vale a pena parar para experimentar uma das suas iguarias!

O dia ia já longo e fizemos então um último passeio até à praça do senado e à praça do mercado. Não se vê muita gente na rua por causa do frio, mas as saunas continuam a funcionar, e alguns corajosos chegam a mergulhar mesmo nas piscinas de água salgada, durante a noite... 🤣🤣! 

No dia seguinte, ainda fomos até Talín na Estónia, outra viagem que irei descrever num futuro post.  Depois regressámos a Helsínquia para voar de regresso a Itália. Valeu a ajuda preciosa do João para conseguirmos visitar tanto em tão pouco tempo. Bem haja João!!